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terça-feira, 15 de março de 2016

MEMÓRIA OLÍMPICA: O BRONZE DE ROMA 1960

Uma das vitórias mais significativas do basquete brasileiro, que vivia seus anos dourados, aconteceu na segunda partida dos Jogos Olímpicos de Roma em 1960. Um ano antes, no Chile, a brilhante geração tinha chegado ao título mundial batendo adversários, como os Estados Unidos. Considerada por muitos o melhor time de basquete do Brasil de todos os tempos, a seleção era formada por Algodão, Amaury, Wlamir, Mosquito, Édson Bispo, Fernando Brobró, Jathyr, Rosa Branca, Sucar, Moyses, Waldemar e Waldyr. Mas faltava ainda a vitória sobre a União Soviética, um dos grandes times da época, que já havia eliminado a Seleção Brasileira de outros dois Campeonatos Mundiais.

Em Roma, o time treinado por Togo Renan Soares, o Kanela, provou ser capaz de derrotar os poderosos soviéticos se impondo por 58 a 54. Na segunda fase, porém, sofreu a revanche e caiu por 64 a 62. Acabou voltando com o bronze, mas mesmo assim com um triunfo histórico no currículo. Era mais um grande feito da geração de Wlamir e Amaury.

"Lembro bem como a arbitragem tirou a medalha de prata do Brasil. Faltavam alguns segundos para terminar a partida, empatada em 62 a 62, e a lateral era nossa. Rapidamente o Amaury passou a bola para mim e eu ia fazer a bandeja, quando ouvi um dos árbitros apitar dizendo que a lateral era dos soviéticos. Uma decisão absurda da arbitragem. Foi assim que perdemos a chance de chegar à final. Seria bem difícil vencer os Estados Unidos, mas poderíamos ter conquistado a prata, o que seria um resultado bem melhor”, relembrou o ex-ala Wlamir.

Não houve disputa da medalha de bronze. O Brasil ficou empatado com a Itália na terceira colocação, mas a medalha ficou com a Seleção Brasileira devido ao confronto direto na primeira fase e a vitória por 78 a 75, na prorrogação, após empate em 70 a 70.

“Essa partida contra a Itália foi o nosso melhor jogo naquela Olimpíada. O ginásio estava lotado e o público torceu contra o Brasil. Vencemos e esse resultado nos rendeu a medalha depois”, disse Wlamir, o Diabo Loiro, apelido que ganhou durante o Campeonato Mundial de 1954, realizado no Rio de Janeiro.

Amaury Pasos concorda com o companheiro e fala sobre o momento mágico: a vitória contra a Itália.

“Ganhamos deles lá dentro do Palacete de Roma, contra a torcida, o juiz e tudo mais. Esse resultado nos deu o bronze. Além da derrota para os soviéticos na semifinal, só perdemos para os Estados Unidos, o primeiro Dream Team da história. Seis jogadores daquela seleção universitária americana foram para a NBA e estão entre os 50 maiores jogadores da história da Liga Americana”, continuou o ex-ala-pivô, se referindo a Oscar Robertson, Jerry Lucas e Jerry West.

A derrota para a União Soviética tirou a medalha de prata do Brasil, mas Amaury não acreditava em um resultado positivo na final contra os Estados Unidos.

“Era uma equipe imbatível, como foi o Dream Team mais tarde em 1992. Por sinal, as duas seleções americanas estão no Salão da Fama. Não é atoa”, completou.

Os jornalistas que trabalharam nas Olimpíadas de Roma fizeram a votação para eleger o quinteto ideal daquela edição. Os escolhidos foram quatro americanos e um brasileiro, Amaury Pasos.

“Para mim, foi ótimo, maravilhoso, mas eu trocaria qualquer coisa por uma medalha de prata ou de ouro”, finalizou Amaury, entre risos.

Em 1960, o cenário mundial exibia alguns saltos no âmbito tecnológico. Os Jogos de Roma foram os primeiros a ter cobertura ao vivo para dezoito países da Europa. Estados Unidos, Canadá e Japão assistiram ao evento com atraso de algumas horas, já que as fitas eram enviadas a esses países por avião. Sem dúvida, os organizadores italianos sabiam ter um grande trunfo nas mãos. E decidiram usar a história para cravar na alma dos competidores e dos espectadores a aura de “jogos inesquecíveis”.

Os Jogos foram também palco de novidades dentro das competições. Os atletas negros de vários países, por exemplo, surgiram com presença marcante e ganharam boa parte das modalidades em que estavam envolvidos.

A disputa dos Jogos de Roma se concentrou no período de 25 de agosto a 11 de setembro de 1960. Na cerimônia de abertura, no Estádio Olímpico, 5.348 atletas (611 deles mulheres) de 83 países estavam inscritos para disputar os dezessete esportes. O Brasil terminou sua participação em 39º lugar (juntamente com Ilhas Britânicas Ocidentais), com duas medalhas de bronze. Atrás dos brasileiros, apenas quatro países: Espanha, Iraque, México e Venezuela.

Delegação do Brasil, Roma 1960 
Amaury Antonio Pasos, Antonio Salvador Sucar, Carlos Domingos Massoni "Mosquito", Carmo de Souza "Rosa Branca", Edson Bispo dos Santos, Fernando Pereira de Freitas "Fernando Brobró", Jatyr Eduardo Schall, Moysés Blás, Waldemar Blatskauskas, Waldyr Geraldo Boccardo, Wlamir Marques e Zenny de Azevedo "Algodão". Técnico: Togo Renan Soares, "Kanela".

Campanha do Brasil
Brasil 75 x 72 Porto Rico
Brasil 58 x 54 União Soviética
Brasil 80 x 72 México na prorrogação, após empate de 61 x 61 no tempo normal
Brasil 78 x 75 Itália na prorrogação, após empate de 70 x 70 no tempo normal
Brasil 77 x 68 Polônia
Brasil 85 x 78 Tchecoslováquia
Brasil 62 x 64 União Soviética
Brasil 63 x 90 Estados Unidos

Classificação final 
Ouro – Estados Unidos; prata – União Soviética; bronze – Brasil; 4º- Itália; 5º- Tchecoslováquia; 6º- Iugoslávia; 7º- Polônia; 8º- Uruguai; 9º- Hungria; 10º- França; 11º- Filipinas; 12º- México; 13º- Porto Rico; 14º- Espanha; 15º- Japão; 16º- Bulgária.

CBB

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