BANNER CABEÇALHO

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Projeto da UFSCar prioriza gestão ambiental em Unidades de Conservação paulista

A Lei 9.985 define uma Unidade de Conservação (UC) como um espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Elas são criadas para proteger ou restaurar ecossistemas ou recursos naturais considerados relevantes.
A partir da experiências e conhecimento acumulados nas atividades de montanhismo, turismo e gestão ambiental, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) está desenvolvendo um projeto de extensão que tem como principal objetivo gerar subsídios e ações de capacitação e treinamento envolvendo demandas de Unidades de Conservação fundamentalmente relacionadas ao uso público.
O projeto Capacitação e Treinamento para Gestão de Unidades de Conservação (UCs), principalmente voltado para as comunidades de entorno de áreas naturais protegidas, prevê a capacitação de monitores ambientais e condutores, formatação de novos roteiros e atrativos ecoturísticos e instrumentalização técnica para a melhor gestão ambiental destas áreas.
"As UCs podem ser enquadradas em várias categorias, dentre as quais aquelas de proteção integral, em particular os Parques Nacionais e Estaduais, que são os espaços de impacto do nosso projeto", explica Victor Lopez-Richard, docente do Departamento de Física (DF) e coordenador do projeto. "Muitas UCs tem indiscutível potencial de atração de visitação seja pela beleza cênica, pela observação da bio-diversidade, singularidades culturais ou espeleológicas, potencial para atividades de aventura, contato com ambientes pouco modificados pelo homem, dentre outros", afirma o coordenador. Porém, nem todas permitem a visitação pública. Estações Ecológicas e Reservas Biológicas permitem somente atividades científicas ou educacionais exclusivamente. Já os Parques Nacionais ou Estaduais são criados com a vocação para a visitação.
As atividades do projeto são voltadas para comunidades no entorno ou inseridas em UCs de proteção integral, onde se admite apenas o uso indireto dos recursos naturais. "Esta limitação impõe a necessidade de adaptação destas comunidades a novos modos de vida para a sua própria sustentação, o que gera tanto conflitos como oportunidades". Para o coordenador, as oportunidades consistem na inclusão de comunidades locais em arranjos produtivos da cadeia do ecoturismo, o que exige, dentre outras ações, o treinamento e a qualificação de seus indivíduos, bem como o atendimento às regulamentações e normas existentes.

Monitores ambientais
Uma das ações é do projeto é a capacitação de monitores ambientais e condutores. Eles constituem o elo entre o ambiente e o visitante, onde este ambiente engloba tanto os elementos do ecossistema como também antropológicos, históricos e culturais da região. Além de guiar o caminho, o condutor é corresponsável pela interpretação do ambiente, as instruções necessárias, a segurança, o socorro e o mínimo impacto das atividades.
No Estado de São Paulo, a capacitação dos monitores em suas UCs se orienta pela  Resolução 32, de 1998, da Secretaria do Meio Ambiente, que indica como o processo de credenciamento de monitores deve acontecer. Usando esta resolução e elementos normativos mais atualizados são formatados os cinco módulos obrigatórios que abrangem os seguintes temas: ambiente natural e a ocupação humana na região; introdução ao turismo; o trabalho do monitor ambiental e técnicas de condução de grupos; primeiros socorros; e especialização para trabalho de monitoria micro-regional. Também, de acordo com as demandas e especificidades locais podem ser oferecidos módulos opcionais de técnicas verticais, resgate em ambiente de canionismo, espeleologia, entre outros. Vários destes módulos são ministrados ou co-ministrados por professores ou monitores da UFSCar. Um artigo sobre essa temática foi publicado na revista Estudios y Perspectivas en Turismo (http://www.estudiosenturismo.com.ar/PDF/V25/N04/v25n4a05.pdf).
Atualmente o projeto está oferecendo, no Parque Estadual Serra do Mar, no Estado de São Paulo, a segunda edição dos módulos de capacitação no Núcleo Picinguaba em conjunto com a Ilha Anchieta. Os módulos de Técnicas Verticais e Resgate em Ambiente de Canionismo serão executados até dezembro de 2016. As próximas comunidades a serem atendidas são as limítrofes aos Parques Estaduais da Serra do Mar, Ilha Anchieta e do Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira.

Resultados
Sobre os resultados obtidos, Lopez-Richard destaca que além da capacitação e o subsequente credenciamento de monitores, foram estruturados Grupos de Trabalho para auxílio a gestão, tais como o Grupo de Trabalho do Pico do Corcovado em Ubatuba, o Grupo de Trabalho para a Formatação do Sistema de Gestão de Segurança do PESM, assim como a estruturação de roteiros turísticos, tais como a Cachoeira da Escada, Trilha do Corisco, dentre outros. O projeto se propõe, também, servir de fórum para a construção e viabilização de ações conjuntas entre UCs e comunidades e abrir espaço para o desenvolvimento de atividades acadêmicas, tanto de alunos como de professores da UFSCar.
"Os resultados deste projeto reforçam a importância da constituição de fóruns de integração e coparticipação entre gestores e funcionários de UCs, comunidades locais, instituições acadêmicas e outras instituições não-governamentais na busca pela identificação de desafios e da subsequente canalização de ações e alternativas para sua resolução", analisa o coordenador.
Além de Lopez-Richard, integram o projeto os professores Vandoir Bourscheidt e Andreia Cassiano, do Departamento de Ciências Ambientais (DCAm), campus de São Carlos; e Heros Lobo, do Departamento de Geografia, Turismo e Humanidades (DGTH-So), do campus de Sorocaba. Também integram a equipe os alunos Bruno Alberto Severian e Helvio Antonio de Souza Jr, do Curso de Gestão e Análise Ambiental da UFSCar, que atuam como monitores. O projeto ainda conta com a parceria do Centro Universitário de Montanhismo e Excursionismo (CUME). 

Nenhum comentário:

Postar um comentário